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Hai un corpo lunghissimo

Posted by Manu Mattos on 7.3.12 in












Hai un corpo lunghissimo
I piedi per terra
La testa tra le nuvole
Lo sguardo di Alice
Esitante.
Segui il Bianconiglio
o torni in camera tua?
Attenta sognatrice cauta.
Molto spesso la favola
non vissuta rovescia l’ordinario
come il frastuono
delle cose non dette.

Greg Quattromani

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Se saprai starmi vicino

Posted by Manu Mattos on 6.3.12 in













Se saprai starmi vicino,
e potremo essere diversi,
se il sole illuminerà entrambi
senza che le nostre ombre si sovrappongano,
se riusciremo ad essere “noi” in mezzo al mondo
e insieme al mondo, piangere, ridere, vivere.

Se ogni giorno sarà scoprire quello che siamo
e non il ricordo di come eravamo,
se sapremo darci l’un l’altro
senza sapere chi sarà il primo e chi l’ultimo
se il tuo corpo canterà con il mio perchè insieme è gioia…

Allora sarà amore
e non sarà stato vano aspettarsi tanto.

Pablo Neruda

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Here I love you

Posted by Manu Mattos on 13.2.12 in














Here I love you.
In the dark pines the wind disentangles itself.
The moon glows like phosphorous on the vagrant waters.
Days, all one kind, go chasing each other.

The snow unfurls in dancing figures.
A silver gull slips down from the west.
Sometimes a sail.
High, high stars.
Oh the black cross of a ship.
Alone.

Sometimes I get up early and even my soul is wet.
Far away the sea sounds and resounds.
This is a port.

Here I love you.
Here I love you and the horizon hides you in vain.
I love you still among these cold things.
Sometimes my kisses go on those heavy vessels that cross the sea towards no arrival.
I see myself forgotten like those old anchors.

The piers sadden when the afternoon moors there.
My life grows tired, hungry to no purpose.
I love what I do not have. You are so far.
My loathing wrestles with the slow twilights.
But night comes and starts to sing to me.

The moon turns its clockwork dream.
The biggest stars look at me with your eyes.
And as I love you, the pines in the wind
want to sing your name with their leaves of wire.

Pablo Neruda

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Eterno

Posted by Manu Mattos on 22.12.11 in ,

















como ficou chato ser moderno. Agora serei eterno.

Eterno! Eterno!
O Padre Eterno,
a vida eterna,
o fogo eterno.

(Le silence éternel de ces espaces infinis m'effraie.)
— O que é eterno, Yayá Lindinha?— Ingrato! é o amor que te tenho. 
Eternalidade eternite eternaltivamente
                   eternuávamos
                           eternissíssimo
A cada instante se criam novas categorias do eterno.

Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome
e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visita do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma
                                                [força o resgata
é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se pensa em nós se estamos loucos
é tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e
                                                [passageiras as obras.
Eterno, mas até quando? é esse marulho em nós de um
                                                [mar profundo.
Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos
                                                [afundamos.
É tentação a vertigem; e também a pirueta dos ébrios.
Eternos! Eternos, miseravelmente.
O relógio no pulso é nosso confidente.

Mas eu não quero ser senão eterno.
Que os séculos apodreçam e não reste mais do que uma
                                               [essência
ou nem isso.
E que eu desapareça mas fique este chão varrido onde
                                               [pousou uma sombra
e que não fique o chão nem fique a sombra
mas que a precisão urgente de ser eterno bóie como uma
                                               [esponja no caos
e entre oceanos de nada
gere um ritmo.



Carlos Drummond de Andrade

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Soneto da Fidelidade

Posted by Manu Mattos on 14.12.11 in












De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes

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Nada é muito quando é demais

Posted by Manu Mattos on 10.10.11 in










Dizem que a gente tem o que precisa.
Não o que a gente quer.
Tudo bem.
Eu não preciso de muito.
Eu não quero muito.
Eu quero mais.
Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro.
Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia.
Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro.
Mais eu. Mais você.
Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca.

Eu quero nós. Mais nós.
Grudados. Enrolados. Amarrados.
Jogados no tapete da sala.
Nós que não atam nem desatam.
Eu quero pouco e quero mais.
Quero você. Quero eu.
Quero domingos de manhã.
Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro.

Quero seu beijo.
Quero seu cheiro.
Quero aquele olhar q não cansa,
o desejo q escorre pela boca
e o minuto no segundo seguinte:
nada é muito quando é demais.

Caio F. Abreu

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Je t'adore à l'égal de la voûte nocturne

Posted by Manu Mattos on 9.10.11 in












Je t'adore à l'égal de la voûte nocturne,
Ô vase de tristesse, ô grande taciturne,
Et t'aime d'autant plus, belle, que tu me fuis,
Et que tu me parais, ornement de mes nuits,
Plus ironiquement accumuler les lieues
Qui séparent mes bras des immensités bleues.

Je m'avance à l'attaque, et je grimpe aux assauts,
Comme après un cadavre un choeur de vermisseaux,
Et je chéris, ô bête implacable et cruelle!
Jusqu'à cette froideur par où tu m'es plus belle!

Charles Baudelaire

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